Cruz das Almas
A cidade de Cruz das Almas no recôncavo baiano onde o São João é bastante animado, a procura por casas para alugar na temporada segue intensa. No Airbnb, a busca também aponta ‘poucas casas ainda disponiveis’ devido a alta procura por casas em Cruz das Almas. Diego Araújo é radialista e diretor do perfil no Instagram Amo São João de Cruz. Ele aluga, em média, 10 casas mobiliadas no São João por dia.
“A média de crescimento avalio com mais de 70% justamente por conta das atrações confirmadas. Inclusive, tenho vários contatos à procura de casas e não estamos conseguindo novos imóveis para alugar. O que chama atenção é que a grande maioria das pessoas já estão planejando a viagem e aluguel de casas desde já”.
Cruz das Almas foi uma das primeiras a divulgar a grade de atrações. Entre os artistas confirmados estão: Wesley Safadão, Tarcísio do Acordeon, Maiara e Maraísa, Dorgival Dantas, Simone e Simaria, Adelmário Coelho, Solange Almeida, Santanna o Cantador, Alcymar Monteiro, Tayrone e Amado Batista. “Temos casas R$ 1,5 mil até 10 mil. A maior parte da procura tem sido de jovens com uma idade média de 25 a 30 anos. Aquela galera que reúne os amigos e aluga casas para curtir o São João. E a grande maioria é de Salvador”, diz.
A estudante de enfermagem Isabel Macedo, 26 anos, é mais uma que está ansiosa para as festas juninas no interior. A escolha foi por Cruz das Almas. “Eu amo São João. Para mim é a melhor época do ano. Gosto da festa raiz, cidade movimentada, pessoas de fora. Fogos, saudades das fileiras de fogueiras nas portas de casa, cabelo de fumaça, licorzinho. Senti muito a falta disso, mas, graças a Deus, tudo está se ajeitando e teremos nossa tradição de volta”.
Assim como Isabel, uma centena de milhares de pessoas vai aparecer em Cruz para curtir as atrações. Essa é a projeção de Ednaldo Ribeiro, prefeito da cidade, que dá mais detalhes de como está a movimentação por lá.
"Sim, já estamos notando um movimento. A procura é enorme e já não temos tantas casas para alugar, pois as pessoas se adiantaram e alugaram. Acreditamos que Cruz das Almas receberá mais de 100 mil visitantes. É uma festa muito importante para a cidade", diz o gestor.
Amargosa
Em Amargosa, por exemplo, a expectativa é de 100% de ocupação da capacidade hoteleira. É o que prevê o secretário municipal de Administração e Finanças, Joanildo Borges.
“Como tradição da cidade, o aluguel de casas é outra importante opção de acomodação. Já observamos uma elevada procura por imóveis durante o evento. Existem opções de locação para todas os preços e gostos, variando de casas de R$ 1 mil a R$ 20 mil durante os dias das festa”, comenta.
A projeção do secretário faz sentido. Em uma busca rápida em plataformas de aluguel como o Airbnb, a procura por hospedagem já indica um status de ‘baixa disponibilidade’ ao carregar as opções que ainda estão disponíveis. Os preços médios de diárias vão de R$ 47 a R$ 4,5 mil.
“Depois de tanto tempo, a cidade respira a tradição junina em seu cotidiano. Garantimos atrações para todas as idades e ofertamos eventos manhã, tarde e noite. O evento representa uma importante alavancagem para a economia da cidade. Estimamos que para cada R$ 1 investido pelo município, aproximadamente R$ 3 retornam para cidade”, complementa.
Ibicuí
A confirmação do São João no estado só foi anunciada no início da última semana pelo governador Rui Costa, porém, lugares como Ibicuí já tinham duas festas privadas garantidas, o Ticomia e o Brega Light. A advogada e corretora de imóveis Sayonara Matos mais o seu tio e também corretor, Claudemir Matos estão entre os que estão comemorando o aumento de 80% na procura por casas, comparado ao mesmo período antes da pandemia.
“Estamos disponibilizando até o momento, 162 imóveis para aluguel. Sem dúvidas superou muito as nossas expectativas. Temos a certeza que a procura se intensificará ainda mais após o lançamento oficial das atrações por parte do bloco privado Brega light que será lançado muito em breve”, afirma Sayonara.
Os valores de pacotes que contemplam os dias de 23 a 27 de junho variam de R$ 3 mil a R$ 30 mil, a depender do imóvel. “A maioria das casas que são disponibilizadas por nossa equipe está localizada no centro de Ibicuí, onde ocorre a festa pública. Porém, temos imóveis mais afastados também, como sítios para quem não gosta de ficar muito próximo a toda essa ‘muvuca’”, complementa Claudemir.
A grande procura é de visitantes de todo estado, mas também de turistas de Tocantins, Aracaju, Rio Grande do Sul, Maceió, Espírito Santo, como destaca Sayonara. “Depois de dois anos parados por conta da pandemia, esperávamos algo estrondoso, mas está sendo muito além. Estamos com muitas expectativas tanto para o comércio local, quanto para a questão dos aluguéis”.
Quem está contando os dias para chegar o São João é o consultor financeiro, Murilo Barros, 36 anos. Ele já fechou o aluguel da casa assim que viu o anúncio de abertura da hospedagem. “Como já tinha sido hospede no último São João, ainda consegui um bom desconto. A saudade é enorme pois quem ama São João no interior fica com o coração transbordando felicidade. O clima, comidas típicas, dançar coladinho, aquele licor tradicional, além de ver os amigos e fazer aquela festa”.
São João na Chapada
Os destinos da Chapada Diamantina se somam à lista dos mais badalados, ainda que com uma promessa de São João mais tranquilo, pé no chão e muita natureza. Na Pousada Casa di Vó, em Mucugê, as cinco suítes se esgotaram ainda no mês de março. De acordo com a proprietária Laura Cristina, a pousada começou a receber pedidos por informação sobre os pacotes desde fevereiro.
“Apesar de Mucugê ser sempre bem procurado nesse período, acredito que tem sido maior a procura após a pandemia, já que estamos com saudades de dançar um forrozinho. Fechamos para uma família, um grupo de 12 pessoas. A casa inteira ficou por R$ 6 mil por um período de seis dias”, fala Laura.
Lotação máxima não é uma exclusividade da Pousada Casa di Vó. Pelo contrário, é situação comum em toda Mucugê. É isso que garante Fabiana Profeta, secretária de Turismo da cidade. A demanda pelo município é tão alta que sobra visitante até para as cidades dos arredores.
"Os hotéis e pousadas já estão todos 100% e as casas de aluguel de temporada já estão esgotando. As pousadas das cidades vizinhas como Andaraí, Ibicoara e Igatu devem receber um número alto de visitantes que não vão conseguir ficar em Mucugê. Esperamos uma média de mais 10.000 visitantes por dia, contando com pessoas das cidades vizinhas que vem para a festa e voltam", fala a secretária, que espera uma festa com mais visitantes do que em anos anteriores a pandemia.
Não muito distante de Mucugê, no Capão, a situação é parecida. Camila Barbosa, 44, tem uma casa para alugar e também disponibiliza quartos na sua própria residência na região do Capão. Agora, a dois meses da festa, todas as acomodações já estão reservadas. Ela conta que essa é a realidade de todos que alugam na área.
"Tenho procurado outros lugares para amigos que precisam já que aqui está cheio. Sempre tem turista, mas agora no São João a procura veio mais cedo. Em abril, o pessoal que tem casa para alugar já fechou contrato, mesmo com preços mais altos. Quem for procurar agora, vai ter dificuldade", relata.
Lucro à vista
A intensidade da movimentação pelo São João nas cidades do interior garante também um otimismo para o setor turístico da Bahia. Titular da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur), Maurício Bacelar afirma que os dados observados pela secretaria apontam para um período junino ainda mais movimentado do que em anos que antecederam a covid-19.
"A expectativa é que seja uma festa bem superior a do ano de 2019 e que o incremento na cadeia produtiva muito maior em relação àquele ano. Essa expectativa se consolida a partir de um monitoramento que a secretaria faz junto às cidades, que relatam um esgotamento no setor de hospedagem e aluguel", afirma ele, sem citar números referentes ao que é esperado para a arrecadação com os festejos.
O economista Edísio Freire afirma que o prognóstico é ainda mais positivo se observarmos que a festa, apesar de ser ligada ao turismo e a cultura, reflete em toda cadeia econômica do estado.
"É um momento do ano que gera muito emprego e renda. Muitas cidades do estado têm no São João uma oportunidade econômica singular. [...] Você tem toda uma cadeia econômica sendo movimentada pela festa junina. Agricultor, ambulantes, artistas e muitos outros profissionais ganham com essa volta", explica o economista.
Exemplo disso são os números projetados no município de Cachoeira, outro com uma festa de São João famosa e tradicional. De acordo com Carlos Eduardo Morais, secretário de Cultura e Turismo da cidade, a expectativa é a melhor possível e o lucro deve acompanhá-la.
"Aproximadamente 50 mil pessoas são esperadas, gerando uma receita aproximada de R$ 1 milhão de reais A economia tem um incremento significativo pois a Feira do Porto sempre dialoga com produtos e produtores de cidades vizinhas do Recôncavo. O São João é a nossa maior festa, a maior festa do Nordeste do Brasil. Vamos honrar nossas tradições, fazendo um grande evento", promete o secretário.
Quando o assunto é o lucro que será gerado e o impacto na atividade econômica, Cruz das Almas não fica para trás. O prefeito faz uma projeção positiva para o dinheiro que deve rodar pela cidade durante os festejos.
"É o maior evento turístico da cidade. As pousadas e hotéis trabalham com 100% de ocupação. O comércio aumenta seu faturamento em mais de 50%.São mais de 20 milhões injetados na economia da cidade. O São João é um grande investimento que traz retorno para todos os setores da cidade", fala Ednaldo Ribeiro.
A secretária Fabiana Profeta não coloca em números a estimativa de renda produzida no período, mas ressalta que, pelo volume de procura e a alta expectativa para o período, o lucro do São João vai sustentar o setor a médio prazo em períodos de baixa procura.
"O São João de Mucugê representa o faturamento para dar sustentabilidade a atividade turística por pelo menos 3 meses para enfrentar a baixa temporada. A economia da cidade gira especialmente em torno da atividade turística, além da agricultura. [...] Só no São João o faturamento de restaurantes e meios de hospedagem chega a 5x mais do que nos demais feriados", completa a secretária. Com informações da Jornalista Perla Ribeiro em matéria publicada pelo site Correio 24 hs.