Negócios digitais estão de olho no setor financeiro

Recôncavo News
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Fonte: Unsplash 

Foi-se o tempo em que a disputa acirrada pelo setor financeiro se estabelecia somente entre as fintechs e os bancos. Atualmente, ela envolve muitos outros competidores, como as operadoras de telefonia, aplicativos de entrega, varejistas, e qualquer outro serviço que contenha um número significativo de clientes para os quais se possa vender algum produto. 

Nesse cenário, muitas instituições financeiras passaram a buscar um público além daqueles interessados somente nas finanças, e estão investindo pesado nos seus aplicativos para se tornarem verdadeiros marketplaces — estabelecimentos virtuais que acumulam diversos lojistas para venderem seus produtos. Essas instituições querem conquistar o bem mais precioso do mercado: o tempo do cliente. 

A companhia mais recente a entrar na jogada foi a BTG Pactual e Mosaico, dona do Buscapé e do Zoom, que firmaram um acordo para criar um marketplace. Porém, alguns outros bancos digitais já fazem isso há bastante tempo. O Inter, por exemplo, montou no ano passado um shopping digital em seu aplicativo. Lá, é possível encontrar os mais variados produtos vendidos por 272 lojas. 


De acordo com o CEO do Inter, João Vitor Menin, “há dois ou três anos, ser um banco digital era algo revolucionário. Hoje já está velho. Queremos ser um aplicativo que também oferece serviços não financeiros, um superaplicativo, que passa pelo conceito do banco não como um fim, mas como um meio”. Ultimamente, o executivo vem trabalhando para lançar um serviço de delivery e outro de telefonia no app do Inter ainda no primeiro semestre deste ano. 

 

Soluções de pagamento em um só app 

 

 

Fonte: Magazine Luiza via Instagram 

 

Nessa disputa, as grandes varejistas atuantes no mercado brasileiro dispararam na frente. A Magazine Luiza conta com o sistema de pagamentos MagaluPay, o Mercado Livre tem a conta digital Mercado Pago, a B2W tem a Ame Digital e a Via Varejo conta com o Banqi. 


Todos esses serviços são oferecidos para que o consumidor não precise sair do aplicativo de uma dessas varejistas para encontrar soluções em outros  dessa forma, os clientes acabam comprando mais. Além dissoé muito mais simples para essas companhias oferecerem seus produtos. Até mesmo os aplicativos de entrega estão de olho nesse mercado


O Rappi desenvolveu o RappiBank; já o seu concorrente, o iFood, criou uma conta digital em que donos de restaurantes não pagam tarifa. Para o consultor Bruno Diniz, líder na América Latina pela FDATA (Financial Data and Technology Association), “os aplicativos de entrega vão conseguir ter uma profundidade maior de análise dos clientes, conhecendo volume de pedidos e sazonalidades. Podem até oferecer uma taxa de juros menor baseada em recebimentos futuros. É um grau de profundidade que os bancos não têm”.  


Enquanto isso, para Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, com a chegada do Pix e do open banking, os super aplicativos criados pelos varejistas podem causar um certo incômodo aos grandes bancos. Ele compara o cenário atual brasileiro ao que ocorre na China há alguns anos  lá os marketplaces se tornaram tão populares, que em grande parte acabaram substituindo muitos serviços de crédito e pagamento. 

 

 

Fonte: C6 Bank via Instagram 

 

A popularidade dos apps de bancos é a principal arma dessas instituições para tornar essas plataformas um espaço de compras online. Além disso, ao saber quanto o comprador ganha e quanto ele gasta, fica muito mais fácil criar estratégias para cativar os consumidores. Eles podem até não conseguir desbancar as grandes varejistas, mas com a grande quantidade de dados a que têm acesso, eles estão no páreo. 


Outro setor que também sabe como cativar os seus usuários é o de cassinos online, cujas plataformas podem ser acessadas através de dispositivos móveis e oferecem promoções e bônus atrativos, que estimulam o jogador a participar de diversas salas de jogatina e ter várias horas de diversão sem gastar muito. 


Já o C6 Bank acredita que o caminho dos bancos é mais acessível do que o dos varejistas  eles mesmos fundaram seu marketplace em outubro do ano passado. “O varejo quer ser banco, mas precisa montar algo mais regulado. Mas para o banco ser varejo é simples”, disse Maxnaun Gutierrez, líder da área de produtos e pessoa física do C6 Bank. 


Segundo Gutierrez, não há concorrência direta entre bancos e varejistas: a plataforma do C6 vende produtos das Casas Bahia, por exemplo, e o cliente recebe cashback. Já a varejista quer vender de qualquer maneira, não importa por onde  e também sai ganhando, já que irá poupar com o marketing. 


A ascensão dos negócios digitais e a sua adaptação às necessidades do consumidor são notáveis. Com certeza, não restam dúvidas de que 2021 será um divisor de águas para a indústria do varejo, e espera-se que o mercado consiga acompanhar esses avanços. 

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